sexta-feira, 24 de julho de 2009

Apoio de quem?

O colega Mário Luís, da Rádio Educadora, é enfático em dizer que a diretoria do XV de Piracicaba expõe um certo exagero quando diz que a cidade precisa apoiar mais o clube. Em partes, concordo com ele. A torcida tem provado cada vez mais paixão e respeito pelo XV. Mesmo após dois vexames recentes - Copa Paulista 2008 e Série A3 esse ano -, não será novidade o torcedor, caso o time engrene na copinha, reaparecer em maior número no Estádio Barão da Serra Negra. Afinal, como já disse o radialista Fernando Lopes, a torcida do XV cresce, mesmo com a falta de títulos. De longe, diz ele, se assemelha à torcida do Corinthians na década 1970.
Arquibancada cheia é bonita, tudo bem. Mas o que determina a vida de um clube, além da óbvia ética na diretoria, são os patrocínios. Quando a diretoria cobra mais apoio da cidade, diz nas entrelinhas que precisa de mais dinheiro, mais patrocínios e até apoios por meio de serviços.
Mas a realidade dos clubes do interior é dura. Quem vai querer patrocinar um clube na Série A3 estadual? Que retorno em larga escala um time nessa situação dará à marca da empresa. Existe um abismo entre a imensa maioria dos clubes do interior e os chamados "grandes" das capitais.
Hoje, um termo muito usado no meio esportivo de alto rendimento é o "negócios no esporte". Veja o salto mercadológico que deram, nos últimos anos, Corinthians e São Paulo. Um exemplo prático são os produtos que chegam ao mercado desses dois clubes. Além dos tradicionais uniformes e equipamentos esportivos, é fácil ver nas prateleiras livros, revistas e DVDs com a marca oficial dessas agremiações. Os clubes brasileiros demoraram para perceber a força que eles têm, mas os primeiros sinais já estão surgindo. Flamengo e Corinthians já até conversaram para montar uma TV com noticiosos dos dois clubes de maior torcida do país. O São Paulo já oferece espaço vip em seu estádio. Logo o Morumbi vai ter um shopping center, acredite.
Pode até aparecer algum grande empresário a fim de assumir os R$ 6,5 milhões de dívidas do XV de Piracicaba. Empresa de porte para isso, a cidade tem. Mas confesso isso bastante utópico.
César de Pádua, diretor tesoureiro, comentou na reportagem do Jornal de Piracicaba, no domingo 19, que seriam necessários R$ 180 mil por mês para que o clube começasse a negociar suas dívidas a longo e a curto prazos. Hoje o XV tem patrocínio mensal que não chega a R$ 50 mil. E corre o risco de perdê-los devido a ações indenizatórias que estão comendo o dinheiro por meio de penhoras.
O presente do XV tem algumas certezas. Uma delas, dura entendo, é o risco de cair para a quarta divisão caso não suba em 2010 para a A2. Mas mesmo que venha um acesso, as dívidas continuarão, mas pelo menos haverá um pouco de paz lá pelos lados do Barão. O centenário se aproxima, em 2013, e se as coisas continuarem tão nebulosas, nada será comemorado daqui a quatro anos. Atualmente está difícil para o XV até cortas seus custos. Uma saída? Tem muita gente dizendo que chegou a hora de fechar as portas e criar um clube empresa. É para se pensar seriamente nisso.

José Ricardo Ferreira

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