Não queremos limitar a uma única partida, o que seria injusto com os demais jogos que presenciamos. Queremos dividir o espaço também com você, leitor do "De Primeira", que poderá enviar o texto com seu jogo inesquecível.
Aqui embaixo a primeira partida que considero inesquecível:
A decepção do Sarriá

Falcão e Paolo Rossi em meu primeiro jogo inesquecível
Minha primeira partida inesquecível aconteceu cedo, quando eu tinha oito anos e ainda não conhecia nada de futebol (não que conheça agora).
O jogo que não sai da minha retina e da minha memória é aquele fatídico embate entre Brasil e Itália, ocorrido no dia 5 de julho de 1982 no Estádio Sarriá, em Barcelona, pela fase final da Copa do Mundo da Espanha.
A melhor equipe que vi jogar até hoje havia feito até ali uma Copa de encher os olhos e vinha de um 3 a 1 na Argentina de arrepiar qualquer amante do futebol. O time comandado pelo mestre Telê precisava apenas de um empate para chegar à semifinal da competição e pegava a Itália de Dino Zoff e Paolo Rossi (êta cara difícil de esquecer).
Estávamos em casa, reunidos em família para assistir o jogo naquela tarde de segunda-feira. Vestido com minha camisa oficial da seleção, com o número 15 nas costas (obriguei minha mãe comprar a camisa do Falcão, meu ídolo pelo futebol impetuoso e bonito que jogava), sentei-me no chão, aos pés de nossa TV de 20 polegadas (carinhosamente apelidada de caixão de abelhas).
Já naquela idade o nervosismo com o futebol. As mãos alternavam entre a boca, roendo unhas com o desenrolar do jogo e a bacia de pipoca quentinha estourada por minha mãe.
O Brasi tinha um timaço, o melhor que vi jogar, com Waldir Perez, Leandro, Oscar, Luizinho e Junior; Falcão, Sócrates e Zico; Toninho Cerezo, Serginho (Paulo Isidoro) e Eder, mas o sonho do tetra começou a se distanciar quando Rossi marcou o primeiro gol italiano, logo aos cinco minutos de jogo.
O desespero durou pouco, porque sete minutos depois o Dr. Sócrates empatou a partida, desempatada novamente por Rossi aos 25 do primeiro tempo. Aos 23 do segundo tempo, Falcão marcou e encheu nossos corações de esperança, mas aos 30 Paolo Rossi sepultou a seleção fazendo 3 a 2 num bate e rebate na área.
Foi a primeira vez que chorei por causa do futebol. Doeu, doeu muito e até hoje me lembro com muita tristeza daquele jogo.
Acho, por exemplo, a maior injustiça dos deuses do futebol que o time de 82 não ergueu o caneco e o de 94, muito inferior na minha opinião, sagrou-se tetracampeão do mundo.
Não entra na minha cabeça jogadores como Sócrates, Zico, Falcão, Serginho, Oscar, Luizinho, não terem esse título, conquistado 22 anos depois por Zinho, Mazinho, Viola, Branco e Dunga.
Dez anos depois, Telê se livrou da fama de pé frio, conquistando o bi-campeonato mundial de clubes com o São Paulo, mas essa é uma outra história.
Até a próxima!
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