sexta-feira, 21 de maio de 2010

Dunga acertou?

Duas atitudes de Paulo Henrique Ganso depois da convocação do grupo que vai à África do Sul representar o Brasil a partir do mês que vem demonstram que Dunga talvez tenha acertado em não convocar o meia do Santos para o Mundial.

A primeira foi logo depois do anúncio, quando criticou a ausência em entrevistas, disse que havia sonhado com a Copa e que daria conta do recado, rebatendo as declarações de Dunga falando sobre seu desempenho no Mundial Sub-20, no ano passado.

Para um cara autoritário e cheio de convicções como o treinador brasileiro, isso encerrou de vez qualquer chance do prodígio de ir à África. Aliás, não conheço o Dunga pessoalmente, mas acredito que a atitude de Ganso na final contra o Santo André, que se negou ser substituído (salvando a pele de Dorival Júnior e a campanha do Santos, diga-se de passagem), para o técnico soou mais como um ato de insubordinação do que de coragem e assunção de responsabilidade.

A última de Ganso, tendo como cúmplices o imaturo Neymar, André e Madson, foi o atraso na volta à concentração. Os quatro chegaram às 3h da manhã e a ordem de Dorival era para que voltassem às 23h. Resultado: o quarteto foi afastado do grupo e não pega o Atlético-GO amanhã pela terceira rodada do Brasileirão.

Se ainda havia alguma esperança em função da dúvida sobre as condições físicas de Kaká, agora mesmo é que não veremos o brilhante meia da Vila nos gramados sul-africanos.

Não quero aqui dizer que concordo com todos os convocados. Para mim o time tem muitos volantes e somente Ganso seria capaz de substituir o meia do Real Madri sem uma perda de qualidade tão grande. Defendo até que dava para os dois jogarem juntos na Copa.

Outros descalábrios de Dunga (respeitando sua coerência, lealdade e convicções) são nomes como Felipe Mello, Josué e Gilberto Silva, enquanto Elias (para mim o melhor volante brasileiro da atualidade), Hernanes e o jovem Lucas do Liverpool ficaram de fora.

Não defendo também o futebol feio, pragmático e nem critico o diferencial apresentado pelo Santos este semestre, mas que há desvios de comportamento em alguns atletas do Peixe, isso é inegável.

Fatos como a recusa de atletas em entrar em uma entidade assistencial para uma visita, entrevistas polêmicas e a chegada tardia à concentração mostram que, no mínimo, as estrelas santistas estão mal assessoradas e precisam de orientações para que no futuro passem de promessas à realidade e não caiam no ostracismo como tantos outros jovens valores que surgiram no esporte mais popular de nosso país. (Rodrigo Guidi)

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