quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Libertadores é isso!

Eram 10 minutos do primeiro tempo do jogo entre São Paulo e Independiente de Medellin quando terminei o meu trabalho na redação. Sentei-me próximo ao televisor que fica perto do Baby e do Erivan e comecei a ver o jogo, percebendo que o time forçava o ataque pelo meio e não consegui penetrar na defesa colombiana.

Aos 18 comentei em voz alta: Libertadores é difícil. O time tá jogando em casa e não abriu o placar ainda. Erivan retrucou: Ô loco! O jogo tá no comecinho e você já quer gols? Assisti ainda até os 32 e tive que ir embora para não perder o último ônibus para Limeira.

Deu tempo de ainda ver o finzinho da primeira etapa na pequena TV da lanchonete da rodoviária e ver a seqüência de escanteios do time, que pressionava o Dim. Antigo funcionário da lanchonete, o sãopaulino Betão esbravejou: vai ser 2 a 0 no segundo tempo, você vai ver!!

Subi no Caprioli, liguei o rádio FM do meu MP4 e fiquei ouvindo o começo do segundo tempo pela 105 FM. O atraso do Paulinho (sempre ele), motorista da empresa, me irritou. "Vamo Paulinho, caralho!" O nervosismo já era reflexo do placar de 0 a0.

No caminho para Limeira a última parada foi costumeiramente no shopping. Meu amigo e vizinho de rua Gustavo, que trabalha na Arcelor, subiu e falou: "Seu rádio tá pegando direito? O meu tá uma bosta".

Viemos de Pira a Limeira dividindo o fone e as angústias pelo massacrante ataque tricolor que Bombadilla insistia em parar. Dezesseis escanteio contra nenhum aos 30 do segundo tempo. Muricy colocou Dagol então exclamei: "Agora vai!". Alguns minutos depois, a ducha fria. Num contra-ataque, o Dim desceu rapidamente e a falha coletiva de marcação da zaga tricolor resultou no gol colombiano. "Agora fodeu!", disse Gustavo.

A angústia persistiu e o ônibus não chegava a tempo de vermos o fim do jogo no Bar do Bambu, em frente ao Cotil. Quando descemos, disse ao Gustavo: não vou mais parar no bar, vamos embora. Meu desejo se confirmou e se tornou maior quando nos aproximamos do boteco e vimos os poucos gatos pingados que viam o jogo, quase todos secando o São Paulo (um deles até com a camisa roxo caixão de defunto do Corinthians). Pensei comigo mesmo: "agora é que não entro mesmo."

Dez passos após atravessar a avenida e passar pelo bar, a explosão. Borges empatou e soltei o grito entalado na garganta: "gol, gol, gol...puta que o pariu!!".
Ouvi atentamente ao replay para saber quem fez. O juiz terminou em seguida. Alívio geral, me virei para o Gustavo e disse: "Agora vamos no V8 tomar uma cerveja!"

Libertadores é isso! Cada jogo uma epopéia, cada conquista só chega com muita dor e sofrimento. Cada vez mais valorizo nossos três títulos e ainda tenho esperança do tetra este ano, se bem que para isso temos que jogar muito mais bola do que ontem.

Até a próxima!

Rodrigo Guidi

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