terça-feira, 21 de outubro de 2008

E os campinhos?

Na adolescência era comum jogar futebol nas ruas aqui no interior de São Paulo. Não só aqui em Piracicaba, mas em Rio Claro, cidade que passei parte das épocas de "moleque", e em Rio das Pedras. Mais tarde, já adulto, rodei por outros lugarejos e cidades. E cada vez mais percebo que os campinhos estão em extinção.
Aquele campinho ao lado das linhas de trem ou num terreno baldio perdido em algum bairro. Que sadio era bater bola nesses "terrões". E quanto colegas "perna de pau" e craques vi por esses campinhos.
Uma recordação bem íntegra é a da "chacrinha" lá no bairro Paulista, ao lado da rua Brasílio Machado. Os amigos Dinão, Feijão e Tão, filhos do "seo" Jorginho, abriam os portões para a garotada do bairro bater bola na chacrinha. Imagine que nos idos dos anos 1980 já tinha garota jogando bola. Era o caso da Tão, apelido da menina boa de bola, que entortava muitos marmanjos. Vez ou outra, o "seo" Jorginho cobria o terrão com palha de arroz. Caso contrário, a garotada chegava "vermelha" em casa após o futebol de fim de tarde no terrão. Me recordo de minha mãe: quanto trabalho para limpar a roupa suja. Hoje, no lugar da chacrinha, inúmeros prédios residenciais.
Bom, onde quero chegar com essas recordações? Naquela época, a garotada batia bola no terrão com idades que variavam entre dez e 18 anos. Era raro ouvir falar que Fulano de Tal estava metido em drogas ou que Beltrano andava pelas ruas do bairro praticando pequenos furtos ou que Ciclano vivia pedindo trocados nos sinais.
A garotada praticava esporte e à noite brincava nas ruas de "polícia-ladrão", esconde-esconde e outras atividades que exigiam muito preparo físico.
Hoje, poucos campinhos restam e, menos ainda, as brincadeiras de rua, atualmente uma raridade. Nem dá para brincar na rua porque a violência é assustadora. Violência dos maus motoristas e dos bandidos que sempre estão preparados para praticar algum crime, entre eles, oferecer drogas para crianças e adolescentes.
Sinto sim saudades daquele tempo. Me preocupo com as crianças que ficam horas se divertindo em frente a tela de um computador, com aquelas que vivem em famílias sem recursos para se associar a um bom clube para praticarem não só futebol, mas outros esportes. Entendo que os velhos campinhos foram extensão da infância e adolescência de muitos garotos e, quem sabe, serviram para afastá-los de coisas ruins dos meios urbanos. (José Ricardo Ferreira - Baby)

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