Dois XV's em Piracicaba

Existem dois XVs em Piracicaba. Aquele que é noticiário diariamente narrando nas páginas dos jornais e nas vozes das rádios e aquele dos bastidores.


A luta da reportagem é trazer a notícia dos dois lados. Mas os bastidores são sempre dúbios, cautelosos, sombrios. E jornalismo não vive de boatos.

Nos bastidores do Alvinegro piracicabano são fartos os comentários: de que alguém está usufruindo do já pobre XV, atrasos salariais escabrosos, gente da Lei cobrando depósitos judiciais...


Dentro de campo, tudo parece caminhando para a glória. O técnico Moisés Egert é muito bom no que faz. O time está bem e vai passar com facilidade à segunda fase da Copa Paulista. Mas tem gente dizendo que Moisés Egert tem prazo de validade, ou melhor, se continuar os salários atrasados, cai fora.


Culpados? Melhor não falar em culpados. As circunstâncias é que não ajudam. Veja a Associação Amigos do XV. Chegou-se a ventilar que a diretoria não colocaria nenhum tostão nas mãos dos diretores do XV porque temiam que o dinheiro fosse pro ralo, isto é, direto para os credores. Então estaria se criando um impasse. Como transferir o dinheiro da venda de mais de 1.800 camisas?


Quem vê a camisa do XV hoje, não visualiza nenhum patrocínio. Seria uma circunstância de momento (a Copa Paulista é deficitária) ou o XV tá na mão, mesmo?

A Série A2 não é brincadeira. Ir bem na Copa Paulista significa pouco. Em 2008 o time foi vice-campeão, mas na A3 de 2009, não vingou. Alguns jogadores estão chegando, mesmo com um clube que não paga salários integrais - o próprio presidente Luís Beltrame disse, em reportagem ao JP -, que paga 50% apenas dos vencimentos. E é levado a isso porque não tem recursos.


Beltrame, Valmir de Freitas e cia., pedem mais torcedores no Barão. E torcem para que Bruno e Júlio César sejam adquiridos pelo Palmeiras. É preciso fazer caixa para manter o sonho do centenário: estar na A1 novamente. (Ricardo Baby é repórter de Esportes do JP).