O volume de trabalho na redação e minha falta de opinião formada sobre o assunto me fizeram adiar ao máximo um post sobre a eliminação do São Paulo na Libertadores e o desgaste na relação do clube com o técnico Muricy, mas a divulgação há poucos minutos da demissão do treinador me motivaram a escrever sobre tudo isso que vem afetando os torcedores são-paulinos este ano.
Juvenal Juvêncio não agüentou a pressão de conselheiros, diretores, opositores e de boa parte da torcida que consideraram a eliminação frente ao Cruzeiro (terceira seguida na competição) a gota d´água e acabou demitindo Muricy, que chegou ao São Paulo em janeiro de 2006.
Apaixonado pelo clube que defendeu como jogador, o técnico sofreu um processo de desgaste com o elenco e perdeu a autoridade nas últimas semanas. Isso ficou nítido com as reclamações públicas contra a reserva ou substituições de Borges (que muitos dizem já tem um pré-contrato com o Palmeiras), Washington, Richarlysson e, pásmem, André Lima.
Competente e vencedor -- afinal ser tricampeão brasileiro consecutivamente e quase ter sido tetra, se não fosse o Luiz Zveiter, não é para qualquer um -- Muricy foi incapaz de dar um padrão tático à equipe este ano.
Boa parte dos improvisos em suas escalações se deve à política custo zero e escorpião no bolso de Juvenal. Conca é apenas um dos jogadores pedidos pela comissão técnica e negados pelo comandante maior do Tricolor ao longo dos últimos três anos.
Acéfalo no meio e sem um jogador capaz de cadenciar e levar o time ao ataque desde a saída de Danilo (quem diria!), o São Paulo foi se enfraquecendo ao longo das últimas três temporadas.
Venceu bem os brasileiros de 2006 e 2007, mas viu jogadores como Danilo, Ilsinho, Josué, Mineiro, Leandro, Souze e Alex Silva irem embora. Desfalques que fizeram o time se tornar previsível e pouco criativo, abusando das ligações diretas ao ataque e das jogadas aéreas.
O tri veio mais por incompetência de Grêmio (11 pontos à frente), Palmeiras, Flamengo e Cruzeiro, que não souberam manter a dianteira e perderam o título para um time de chegada.
2009 começou em meio à muita expectativa, pois o time não vendera ninguém e se reforçara com nomes como Wagner Diniz, Arouca, Júnior César, Washington e Eduardo Costa.
Os jogadores não se encaixaram no time, que mais uma vez não deu liga.
Os erros de Muricy começaram a aparecer e a contusão de Rogério Ceni foi decisiva para o clima entre elenco e treinador ir para o vinagre. A equipe perdeu seu grande líder e o único capaz de mediar o estresse entre os jogadores e Muricy.
Vieram as contusões, convocações para a seleção, as improvisações e o futebol não aparecia.
A eliminação da Libertadores foi o ponto final da relação São Paulo-Muricy, que é um dos melhores treinadores do Brasil, mas precisa de um tempo para descansar, mudar de ares e se reciclar.
Não vou arriscar quem pegará o rabo de foguete, mas os mais cotados são Abel Braga, Tite, Nelsinho Baptista, Silas e Renato Gaúcho.
Se tivesse que apostar, ficaria entre Silas (uma aposta para o futuro) e Abelão (namoro antigo do clube).
Até a próxima!
Rodrigo Guidi
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